Os trabalhos em vitivinicultura da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), especialmente voltados para a produção de vinhos finos de inverno, vêm alavancando um novo segmento de mercado que engloba áreas de produção em Minas de Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e começa a expandir para regiões de Goiás, Distrito Federal, Espírito Santo e Nordeste do Brasil. Nos últimos quatro anos, os vinhos elaborados a partir da técnica da dupla poda da videira, estabelecida pela Epamig no início dos anos 2000, alcançaram prêmios nacionais e internacionais.

O cenário de expansão motivou a visita do vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant, ao Campo Experimental da Epamig de Caldas na segunda-feira (22/2). Também estiveram presentes o secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede), Fernando Passalio, e o prefeito de Caldas, Ailton Goulart.

Com infraestrutura que conta com áreas experimentais de manejo e produção de mudas, o Campo Experimental de Caldas liderou pesquisas responsáveis por fazer com que Minas Gerais deixasse uma condição inexpressiva na produção de vinhos finos para figurar em um cenário em que já são cultivados mais de 500 mil pés de videira; e o número continua a crescer.

Durante a visita, a comitiva conheceu o laboratório de enoquímica, local onde são desenvolvidos estudos e pesquisas, como análise de qualidade das uvas e dos vinhos, e definição de características específicas da influência do terroir. A comitiva também caminhou pelos parreirais e pela vinícola da Epamig, única adega enológica experimental da região Sudeste do Brasil, que funciona como incubadora de empresas iniciantes para a produção de vinhos.

A equipe técnica da Epamig apresentou as pesquisas realizadas no local que, além da produção de uvas e vinhos, também proporcionam difusão e transferência de tecnologias por meio da disponibilização de mudas, dias de campo, visitas técnicas e publicações. “A Epamig desenvolve pesquisas de manejo de parreirais, adaptação de cultivares para elaboração de sucos e vinhos, produz mudas e oferece o serviço de vinificação para produtores iniciantes no cultivo de uvas finas em novas regiões produtoras, além de prestar assistência a todos os interessados em estabelecer uma produção”, explica a pesquisadora coordenadora do Programa Estadual em Vitivinicultura da Epamig, Renata Vieira.

“A Epamig realiza um ótimo trabalho de pesquisa e desenvolvimento de uvas e vinhos. Ela também apoia vitivinicultores e seus vinhos que já têm qualidade reconhecida”, manifestou o vice-governador de Minas, Paulo Brant, durante a visita.

Dupla poda da videira

A iniciativa de se produzir vinhos finos na Mantiqueira surgiu como alternativa para diversificação de renda em regiões tradicionalmente cafeeiras. Com aplicação iniciada em 2000, a técnica da dupla poda da videira, que inverte o período de colheita da uva para o inverno, tem sido adotada em propriedades rurais do Sul de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro.

A combinação de alguns elementos típicos da época do ano e da região, como baixa umidade, dias ensolarados e noites frias, resulta na colheita de uvas sadias, de maturação plena, com mais aroma e concentração de compostos fenólicos que contribuem para a cor e a estrutura. Os resultados são vinhos com mais qualidade e valor agregado.

Mercado

Atualmente, estão registrados uma média de 500 hectares de vinhedos conduzidos com a técnica da dupla poda, com estimativa de aumento de mais 100 hectares em 2021. “Minas Gerais conta com 30 produtores, e são estimados cerca de 100 produtores de vinhos de inverno em todo o Brasil, o que gera de 300 a 500 empregos diretos durante o ciclo de trabalho”, relata a enóloga da Epamig Isabela Peregrino.

A expansão de área cultivada teve média de 20% de aumento no último ano. Estima-se que o volume, quando toda a área plantada estiver em produção, será de quatro mil toneladas de uva e 2,4 milhões de litros de vinho. A estimativa é de que o mercado movimente R$120 milhões por ano.

As possibilidades em enoturismo configuram mais um viés dos trabalhos alavancados com a pesquisa agropecuária em vitivinicultura. Muitas vinícolas que usam as tecnologias da Epamig já dispõem de atividades turísticas em espaços próprios.

Prêmios

No final do mês de setembro de 2020, vinhos finos de produtores mineiros e paulistas produzidos com tecnologia Epamig receberam medalhas no concurso internacional Decanter World Wine Awards, um dos mais respeitados do mundo.

Em meados de outubro de 2020, foi a vez do vinho próprio da empresa de pesquisa, o Syrah Epamig safra 2018. O vinho conquistou medalha de ouro no concurso Brazil Wine Challenge, que conta com chancela da Associação Internacional da Vinha e do Vinho, realizado em Bento Gonçalves (RS).

Ascom/Epamig

Foto: Divulgação/Epamig

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