Emater-MG emite primeira DAP para agricultor urbano em BH

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Emater-MG emite primeira DAP para agricultor urbano em BH

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Com a DAP, o produtor tem acesso a políticas públicas e crédito pelo Pronaf. A capital mineira tem 41 hortas comunitárias e 333 agricultores urbanos
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Acordar com as galinhas para logo cedo cuidar da horta. Essa é a realidade de muitos agricultores na roça? Não apenas. Em Belo Horizonte existem cerca de 41 hortas comunitárias, em espaços concedidos pela prefeitura, outras 44 em equipamentos públicos, como centros de saúde, culturais e os centros de referência de assistência social (CRAS). Além de mais de 151 outras hortas em escolas, sendo que destas, 60 foram credenciadas em 2020, ano que se iniciou a pandemia de covid-19. Ao todo, a capital tem 333 agricultores urbanos.

Nesta segunda-feira (22/2), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), entregou a primeira Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) a um agricultor da capital. O mais novo agricultor familiar reconhecido pelo documento é o senhor Dionísio Dias Garcia, de 57 anos. Ele trabalha na horta do bairro Vila Pinho, desde 2009. Mas quem o levou para a atividade foi sua esposa, Raquel de Jesus Vasconcelos, 47, que está no projeto desde o início, em 2003.

A horta, cravada num dos principais polos industriais do Barreiro, cultivada em um terreno de cerca de 10 mil metros quadrados, concedido pela PBH, reconfigura o ambiente muitas vezes caótico de uma grande capital. Nela trabalham 16 famílias de agricultores urbanos, de forma organizada e assistida pela Emater-MG. O espaço, que antes atraia violência para região, hoje promove saúde.

"Antes o espaço era ocupado por traficantes, então a comunidade, juntamente com a Polícia Militar resolveu ocupar a área com o cultivo. O objetivo inicial era a subsistência, mas, com o tempo, o pessoal viu a possibilidade de ter uma renda exclusiva aqui da horta. A Emater-MG e a prefeitura trabalham em parceria desde o início, fazendo o projeto, conseguindo financiamento através da Fundação Banco do Brasil e dando o apoio para os agricultores produzirem e venderem suas mercadorias”, conta a técnica da Emater Elenice Lamounier, que está no projeto desde 2003, orientando os agricultores para uma produção sustentável e agroecológica.

Para Raquel, trabalhar numa horta em plena capital mineira foi surpreendente e apaixonante. “Pra mim foi uma novidade e tanto. E todo mundo que chega aqui acha que é impossível, acha que está em outro lugar. Cheguei aqui sem saber nada, aí as meninas, da Emater-MG e da prefeitura, vieram, ensinaram tudo e daí a pouquinho a gente se apaixonou e não quer ir embora mais também não. Pretendemos ficar aqui até velhinhos, mexendo com a terra”, garante.

O entusiasmo da Raquel foi tão grande que ela convenceu o marido a mudar de profissão. Ele, que era pedreiro, largou os tijolos para pôr a mão na terra e cuidar das plantas. “Depois que eu deixei de ser pedreiro eu vim para a horta, até porque a idade já estava chegando e já não me permitia muito o esforço. Eu vi que era viável trabalhar com produtos agroecológicos e tive o apoio da prefeitura e da Emater-MG, então resolvi abraçar com carinho e vem dando certo. Essa horta é tudo para mim! Vivo exclusivamente do trabalho aqui. Além de tirar o meu salário, é uma terapia e me ajuda muito com a saúde também, porque os produtos aqui são naturais e o contato com a terra é muito bom”, diz Garcia.

DAP

A DAP que foi emitida pela Emater-MG para Garcia é um documento muito importante para os agricultores. Com ela é possível ter acesso a várias políticas públicas, abrindo portas para crescer e prosperar ainda mais nesse negócio.

“Isso é fundamental porque as hortas urbanas abrem possibilidades reais de ampliação de renda para as famílias, garantem segurança alimentar e ainda contribuem enormemente para o meio ambiente. Então, é uma parceria muito importante que a Emater-MG tem com a prefeitura, há mais de 60 anos. Finalmente a gente conseguiu hoje emitir esta DAP, que vai trazer muitas possibilidades, permitindo o acesso às políticas públicas e ao crédito rural, que é tão importante para as atividades produtivas”, reforça a diretora-presidente da Emater-MG, Luisa Barreto.

Clientela fiel

A horta no meio da cidade ainda causa surpresa para muitos, até vizinhos, diz Garcia. Mas aí, é só conhecer, experimentar os produtos, para não abandonar nunca mais. Como a pedagoga Márcia Alves, cliente fiel.

“Dou preferência porque, além de ser uma verdura de qualidade, o atendimento é espetacular. Fora também que a gente está ajudando a comunidade, porque eles dependem dessa horta. Os produtos são excelentes, tem de tudo, até chá caseiro a gente encontra aqui. Eu não abro mão de vir aqui para comprar no sacolão, nem todo dia tem verdura fresca no sacolão. Eu gosto muito daqui”, diz.

A horta comunitária da Vila Pinho tem mesmo de tudo, a produção é em torno de 200 mil molhos por ano de diversas olerícolas. Tem alface, couve, alho-poró, cebolinha, salsinha, plantas alimentícias não convencionais (Pancs), algumas frutíferas e muitas ervas medicinais. A dona Dalva, que também é agricultora no local, diz que a horta é uma verdadeira farmácia natural.

"Praticamente 100% de nós que trabalhamos na horta somos idosos e, até hoje, escondidos aqui nesse cantinho, nos alimentando de tudo natural, ninguém aqui teve covid, o vírus né? Acho que os chás ajudam também. Aqui na horta, além das verduras agroecológicas, nós temos todos os tipos de chás. Chá para criança, chá que acalma o adulto e chá para infecções. A gente foi adquirindo uma experiência de uma farmácia homeopática, porque o pessoal ao invés de comprar remédios em farmácias vem buscar os chás. E a gente tem uma certa sabedoria para orientá-los na preparação, para que cada um serve. Na verdade, aqui é uma vida apaixonante, a gente chega, passa o dia e não quer ir embora. Se deixar a gente dorme aqui nesse espaço", detalha dona Dalva.

Incentivo

O incentivo às hortas urbanas é um projeto da prefeitura da capital mineira em parceria com a Emater-MG, que se intensificou desde 2017, segundo a subsecretária de segurança alimentar e nutricional, Darklane Rodrigues.

“As unidades atendem a comunidade do entorno, as pessoas vêm e podem comprar diretamente do produtor, dentro aqui do espaço. O produtor não pode ter uma banquinha, porque é outro chamamento público que ele tem que participar, mas a compra institucional é uma saída importante”, ressalta.

Vendas institucionais são a possibilidade dos agricultores comercializarem para o próprio estado, através de programas como o nacional de alimentação escolar (Pnae) e o de Aquisição de Alimentos (PAA). E este é só um mercado a ser explorado. Segundo a engenheira agrônoma Kátia Pessoa, em Belo Horizonte há mais demanda do que oferta de legumes, verduras e frutas orgânicos ou agroecológicos. Percebendo essa realidade e, ao mesmo tempo, a dificuldade dos agricultores de alcançarem este público consumidor, ela criou o Horta à Porta, um delivery desses produtos que já conta com mais de 5 mil consumidores cadastrados em BH.

“Eu tive a ideia de criar o Horta à Porta para conectar o agricultor com o consumidor final. Porque dentro de Belo Horizonte tem várias iniciativas que produzem sem agrotóxicos e o consumidor final não tem acesso a elas. E o agricultor, por si só, não consegue fazer esta conexão. Há uma necessidade de um apoio grande nessas iniciativas, na parte organizacional e técnica, para dar sustentação a esses projetos”, comenta.

E é este o trabalho que a Emater-MG vem desenvolvendo, prestando assistência técnica e extensão rural aos agricultores urbanos de Belo Horizonte, para que possam se organizar, ter volume e qualidade de produção para atender a esse mercado crescente.

“Sem a Emater-MG a gente não ia conseguir fazer não. A Elenice, técnica da Emater-MG, está sempre junto com a gente mesmo, ensinando, explicando pra gente como faz, se tiver dúvida a gente liga. Então a Emater é importante”, comenta a agricultora Raquel de Jesus.

“Aqui o acompanhamento da Emater-MG é muito importante pra gente, porque tem assistência técnica. Eles apoiam a gente em tudo, inclusive conseguiram que eu participe de uma feira junto com a prefeitura. Então é um trabalho conjunto que vem dando certo”, complementa Garcia.

Aline Louise - Ascom/Emater-MG

Fotos: Divulgação/Emater-MG

 

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