Demanda por mel e derivados aumenta 30% durante pandemia de Covid-19

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Demanda por mel e derivados aumenta 30% durante pandemia de Covid-19

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Minas é o quinto maior produtor do país, com cerca de 7 mil apicultores
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O setor de apicultura tem registrado aumento de vendas durante a pandemia de Covid-19. Dados da Federação Mineira de Apicultura (Femap) apontam que as vendas aumentaram cerca de 30% desde o início da quarentena. O crescimento é mais um motivo de comemoração no Dia do Apicultor, celebrado em 22 de maio.

Segundo Cézar Ramos Júnior, apicultor de Bambuí, no Centro-Oeste do estado, e também presidente da Femap, o aumento da procura está ligado aos benefícios trazidos por esses produtos. “Por causa da pandemia, as pessoas estão mais preocupadas com a saúde e têm buscado seguir uma alimentação mais saudável. Como o mel e a própolis atuam como uma espécie de antibiótico natural - que ajuda o nosso corpo a combater infecções, além de aumentar a imunidade -, o consumo dos produtos tem crescido”, explica.

O bom desempenho mesmo durante a crise também foi sentido por Cristiano Carvalho, presidente da Cooperativa Nacional de Apicultura (Conap), sediada em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte.

Ele explica que a cooperativa absorve a produção dos apicultores e, após análises em laboratório, a matéria-prima aprovada é comprada, beneficiada e exportada para diversos países. “A demanda, tanto do mercado interno quanto externo, aumentou drasticamente. Todos estão em busca de reforço para o sistema imunológico”, pontua.

De acordo com dados do Safra Pecuário da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), a atividade apícola envolve cerca de 7 mil apicultores em Minas, gerando mais de 42 mil empregos diretos e indiretos no estado.

Minas é o quinto maior produtor de mel do país, com previsão de produção de 6,14 mil toneladas em 2020. Esse volume corresponde a 12% da produção nacional. Além disso, o estado ainda é o principal produtor de própolis verde - produz entre 80 e 100 toneladas por ano, o que equivale a 90% de toda a produção do Brasil.

Ações para o setor

Em março deste ano, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) anunciou a criação do escopo mel no programa Certifica Minas. Entretanto, por conta da pandemia, foi necessário suspender o treinamento dos servidores do IMA e da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), que vão orientar os produtores para a obtenção do certificado.

“Assim que passar essa pandemia, concluiremos o treinamento técnico dos servidores e partiremos para o trabalho com os produtores, principalmente os agricultores familiares. A certificação é uma ferramenta muito importante, pois trabalha toda a cadeia produtiva e todos os aspectos da sustentabilidade econômica, social e ambiental. É um ganho para a apicultura”, afirma o assessor técnico especial da Seapa Frederico Ozanam de Souza.

Assistência e pesquisa

Ao mesmo tempo, a Emater-MG presta o serviço de assistência técnica e extensão rural aos apicultores, orientando-os no uso de tecnologias de produção e melhoria na gestão e organização, além de desenvolver iniciativas que valorizam os produtos regionais. Em 2019, a empresa atendeu 1.991 apicultores, por meio de assistência técnica, cursos de capacitação, projetos técnicos para crédito rural, entre outras atividades.

Já a Epamig trabalha a apicultura como disciplina do curso Técnico em Agropecuária e Cooperativismo, oferecido em Pitangui. A vinculada também está em via de implantação de um projeto de pesquisa, dentro do Programa Estadual de Pesquisas em Agroecologia, que vai estudar os porquês e formas de reverter a alta mortalidade de abelhas em Minas. O projeto tem o apoio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e da Seapa, e será desenvolvido em parceria com a Faemg.

Ainda de acordo com Frederico Ozanam, a secretaria também segue organizando o Congresso Mineiro de Apicultura, evento que conta com a colaboração das entidades representativas do setor e está previsto para acontecer em 2021. “Além disso, reativamos a Câmara Técnica de Apicultura, que visa justamente unir o setor produtivo aos órgãos de governo, para que sejam expostos os problemas e possamos buscar soluções”, acrescenta.

Frederico destaca ainda o Projeto de Lei (PL) 1.156/2019, que tramita na ALMG e determina uma série de medidas para o estado em estímulo à apicultura, como preservação das abelhas, desenvolvimento de pesquisas para o setor, fiscalização do uso de defensivos agrícolas que afetam as abelhas e estímulo ao cooperativismo e outras formas de organização dos produtores.

Diversidade mineira

Minas tem tudo para se destacar no mercado nacional e internacional por conta da diversidade de produtos apícolas que só podem ser encontrados aqui. A própolis verde é o principal exemplo disso. Trata-se de uma resina removida de plantas pelas abelhas, que é processada por elas com saliva e misturada à cera das colmeias. Mas é somente na região Central e em parte do Sul de Minas que essa resina tem a coloração verde e traz uma série de propriedades medicinais que foram estudadas por cientistas de todo o planeta.

Cézar Ramos explica que, por conta das condições do solo, nesta região é encontrado o chamado alecrim-do-campo (Baccharis dracunculifolia), popularmente conhecido como “vassourinha”, de onde as abelhas coletam das folhas uma resina que possui clorofila. “Elas usam essa resina para manter a higiene das colmeias, por se tratar de uma espécie de antibiótico natural, e evitar doenças”, detalha.

Imagem removida.

Além deste bem tão exclusivo, Minas tem outros produtos apícolas específicos, como o mel de Aroeira (Myracrodruon urundeuva), do Norte de Minas, que é muito escuro e, segundo estudos científicos, ajuda a combater inflamações no estômago; e o mel de Velame (Croton heliotropiifolius), da região de Conselheiro Lafaiete, que chamou a atenção dos consumidores norte-americanos e europeus por ser muito claro e ter sabor suave.

“O estado tem também vastas plantações de eucaliptos, gerando uma grande quantidade de mel de eucalipto. Ele traz uma vantagem, pois como essa planta depois de certa idade não demanda qualquer tratamento químico, temos um produto de sabor muito agradável e ainda com certificação orgânica”, finaliza o presidente da Femap.

José Vítor Camilo - Ascom/Seapa

Fotos: Aquivo Femap/Divulgação

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